quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Coisas Simples

Sensação de desmaio, nariz entupido, dores de cabeça e um vozeirão que
poderia fazer estremecer a Terra.
É assim que me sinto neste rectângulo quente e aconchegado.
Os arrepios vão e vêm
Presa neste espaço, onde me não é permitido sair, sei que há uma parte de mim
que viaja livremente até onde eu quiser.
O meu cérebro não tem fronteiras e é a parte mais livre de mim mesma.
Deixo-me viajar à velocidade do meu pensamento.
Deitada neste espaço de lados iguais dois a dois e que também é a minha cama,
imagino-me observadora desta bola gigante em que vivemos.
Situada fora da linha envolvente, observo minuciosamente tudo que fazemos.
O stress do dia a dia, os engarrafamentos, os gestos e as palavras obscenas
na tentativa de chegar cada vez mais rápido e mais além.

Correrias, fazendo da vida um labirinto,
desconhecendo por vezes o ponto de partida e o de chegada.
Vidas confusas e vazias onde não se pensa, porque não se tem tempo
e cuja preocupação é possuir sempre mais e melhor.

A meio da minha viagem percebi que possuir em qualidade é dar valor a
pequenas coisas, coisas simples.

Quando penso naquela caixa de madeira riscada pelo tempo, que eu
namoro, ou que me vem simplesmente ter às mãos sem esforço, porque
alguém se apercebeu que ela, era uma das minhas paixões.

Quando me sinto privilegiada ao descobrir que tenho amigos que sabem
do que gosto, que sabem como me fazer feliz.

Bastam simples papéis antigos, que por vezes se desfazem
pela antiguidade e pelo cansaço, esgotados de ensinar e que ao
senti-los nos meus dedos, na minha pele, são capazes de provocar
viagens de sonho e criatividade.

Idalina Silva