quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Coisas Simples

Sensação de desmaio, nariz entupido, dores de cabeça e um vozeirão que
poderia fazer estremecer a Terra.
É assim que me sinto neste rectângulo quente e aconchegado.
Os arrepios vão e vêm
Presa neste espaço, onde me não é permitido sair, sei que há uma parte de mim
que viaja livremente até onde eu quiser.
O meu cérebro não tem fronteiras e é a parte mais livre de mim mesma.
Deixo-me viajar à velocidade do meu pensamento.
Deitada neste espaço de lados iguais dois a dois e que também é a minha cama,
imagino-me observadora desta bola gigante em que vivemos.
Situada fora da linha envolvente, observo minuciosamente tudo que fazemos.
O stress do dia a dia, os engarrafamentos, os gestos e as palavras obscenas
na tentativa de chegar cada vez mais rápido e mais além.

Correrias, fazendo da vida um labirinto,
desconhecendo por vezes o ponto de partida e o de chegada.
Vidas confusas e vazias onde não se pensa, porque não se tem tempo
e cuja preocupação é possuir sempre mais e melhor.

A meio da minha viagem percebi que possuir em qualidade é dar valor a
pequenas coisas, coisas simples.

Quando penso naquela caixa de madeira riscada pelo tempo, que eu
namoro, ou que me vem simplesmente ter às mãos sem esforço, porque
alguém se apercebeu que ela, era uma das minhas paixões.

Quando me sinto privilegiada ao descobrir que tenho amigos que sabem
do que gosto, que sabem como me fazer feliz.

Bastam simples papéis antigos, que por vezes se desfazem
pela antiguidade e pelo cansaço, esgotados de ensinar e que ao
senti-los nos meus dedos, na minha pele, são capazes de provocar
viagens de sonho e criatividade.

Idalina Silva

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Suicídio

Um acto consciente e corajoso ou a maior das cobardias e fraquezas?
Suicídio e eutanásia...
Há sempre uma dor impossível de suportar.
É quando se decide, se a vida vale a pena ser vivida.

Ninguem acaba, sem uma razão muito forte.

Já me imaginei sem objectivos, sem ninguém próximo.
Sozinha na maior das tristezas e angustias.
Imaginei-me cansada da vida, afogada em problemas aparentemente sem
solução.
Como me sentiria eu, depois de perder alguém que muito amasse?
Um filho uma filha....
Sei que a partir desse momento, mesmo viva, eu estaria morta.
Sei que iria sentir raiva e frustração do tamanho do mundo.

Conseguir interiorizar que a vida é uma luta desde que se nasce
e que tristeza e amargura são males necessários.
Estar ciente que felicidade constante, não traz sabedoria,
mas que pelo contrario, sabedoria e crescimento são resultado de
momentos de insatisfação.
Ter essa consciência, pode ajudar-nos a querer viver.


Um dia destes fui tentar consolar uma amiga.
Não sei bem se consegui.
Ela pediu-me ajuda, mal conseguia articular as palavras.
O seu irmão querido, tinha-se lançado no seu "ultimo voo".
Ela sentia-se desesperada por não ter estado lá, naquele momento de
sofrimento ou... de "glória"?
Sentia-se triste, arrasada e culpada...

Foi um dia triste para mim...também.

Disse-me que precisava ouvir alguns dos meus "disparates".
Acho que no mínimo consegui fazê-a sorrir.



Idalina Silva

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Reflexão

Há momentos, em que precisamos reflectir.
Retroceder no tempo, recuar até à nossa infância.
Recordar pessoas que nos marcaram e influenciaram.
Momentos únicos, que jamais esqueceremos.
Quem nos deu vida, alimentou, educou e amou.
Não posso dizer que fui a criança mais feliz.
Perdi cedo demais os meus progenitores.
Tinha direito a eles, como qualquer criança tem direito ao amor.
É lamentável, começar a perder aos quatro anos de idade.
Mas a vida ensinou-me, que perder e perdida, são palavras que não devem
andar de mãos dadas.
Paralelamente a momentos de angustia e sofrimento,
hoje sou uma pessoa que tenta tomar decisões importantes,
que a longo prazo me irão trazer calma e serenidade.
Falar de mim para mim, escrever sobre o que me entristece e o que me
faz sorrir, só me engrandece e fortalece.
Saber quais são as minhas prioridades e necessidades mais intimas,
Apreciar as minhas capacidades e os meus talentos.
Aprender a acreditar.
Respeitar-me, por tudo o que alcancei.
Libertar as minhas emoções.
Aprender a senti-las e deixá-las brotar,
porque elas são parte vital do meu interior.

Idalina Silva

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ser diferente

Pergunto-me:
Se este fosse o ultimo dia da minha vida, manteria tudo como está ou
mudaria algo?
Será que tinha força e coragem de mudar o que estivesse mal?
Quando a vida é marcada pela morte e se acaba num preciso momento,
sem aviso prévio.
Quando somos marcados pela tristeza da saudade de quem amamos e
sabemos, que os momentos seguintes vão ser só dor e sofrimento.
Tudo isso me faz pensar em mim, como mãe.
A preocupação de querer ser a mãe perfeita.
A mãe, que deu tudo aos seus filhos e que um dia vai partir sem medos
e angústias.
Sem remorsos.
Mas será, que para nos sentirmos felizes e realizadas como mães, temos
que dar, somente?
Para poder partir livre de medos e de arrependimentos?
O dar interminável, não é sinónimo de uma mãe saúdavel.
O que é bom para um filho, terá que ser também, o que é bom para uma
mãe bem equilibrada.
Por isso devemos aprender a transmitir isso aos nossos filhos, essa
preocupação.
Ensiná-los, que mãe, não tem que ser sinónimo de sofrimento, mas sim de
amor e respeito pelas emoções de cada um.
Mostrar, que é aguentando dor e tristezas, alegrias e prazer, que nos
realiza como seres.
Que experimentando todas essas emoções, nos faz sentir mais fortes e
consistentes.
Ensinar os meus filhos a viver uma vida cheia, é ensiná-los que não
posso sacrificar a minha propria vida, mas viver eu também, uma vida assim.
Sei que libertando-os é a melhor forma de continuarmos ligados.
Acredito que todos temos uma missão a realizar aqui, onde vivemos.
Ajudar e ou ser ajudados.
Podemos viver muitos anos, ou somente dias ou horas, mas a nossa
missão terá que ser cumprida.
Porque não, cumpri-la da melhor forma?
Sonhar....é preciso.
Ser fiel aos nossos sonhos.
Viver uma vida com dignidade, também é saber gostar de nós próprios
Ser arrojado e ir em frente.
Irradiar segurança e vontade.
Ser diferente, ser genial.

Idalina Silva

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Desejos

Quero uma vida calma e serena.
Sentir-me tranquila, sem correrias e tropeções.
Olhar à minha volta e ver gente grande.
Pessoas que se respeitam a elas mesmas.
Seres que não se vendem.
Não vendem corpo nem alma,
por um bem estar falso.
Sei que quero respirar ar puro.
Senti-lo fresco a arder no peito.
Sentir-me cheia.
Sentir o calor de gente pura, gente boa.
Sentir paz e sentir-me imensa.
Quero plantar e colher frutos doces.
Tão doces como os seres que amo.
Os meus amigos, os meus amores.
Quero sentir cansaço no final do dia.
Estender-me à sombra de uma árvore.
Olhar o céu por entre a folhagem.
Rodar a cabeça e sentir a forma da Terra.
Ter a certeza que vivo plenamente.
De bem comigo e com os outros.
Amar as coisas simples.
Amar a natureza.
Quero morrer feliz.
Deixar pessoas que amei e me amaram, felizes.
Quero deixar saudade.
Mas sem lágrimas no rosto, de ninguém.
Quero ver as minhas cinzas esvoaçar por montes e vales.
Quero vê-las livres.
Como sempre prezei e prezo, a minha própria liberdade.

Idalina Silva

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Um pouco do que sou...


Tenho verdadeira paixão pelo campo.
Planícies decoradas de casas em pedra.
Cheiros a erva cortada e lenha queimada.
Adoro olhar o mar.
Vê-lo a sós, com alguma intimidade.
Sem gente...só ele e eu.
Tenho saudades dos meus pais.
Mais da minha mãe, não sei porquê.
Não os conheci,
mas os meus irmãos contam-me historias,
em que ela era a personagem principal.
Mulher e mãe. Completa.
Aquela que eu sempre quis ter.
Falam-me, com lágrimas nos olhos,
lágrimas de saudade.
Por isso tenho a certeza, que a teria amado também.
Sei que ela foi especial. Sei que é especial.
Adoro o perfume da madressilva.
Abomino seres egocêntricos.
Uma amiga disse-me um dia,
que os olhos são para olhar as estrelas
e não a ponta dos sapatos.
Concordo plenamente.
Não perdoo traições de amizade.
Gosto do silêncio,
aprendo e cresço com ele.
Não vivo sem tintas, sem cor.
As artes, são o meu trabalho e o meu prazer.
Sofro muito com a dor dos outros.
Acredito na Lei da atracção.
Amo os meus filhos.
Amo o meu neto.
Amo a minha família.
Sou amada.
Posso dizer, que sou feliz.

Idalina Silva


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Verdade

Quando sinto algo por alguém, vem-me de dentro.
É puro, muito puro...
Refiro-me a todo o tipo de sentimentos.
Desde aquele conhecimento passageiro, que se tem, com quem se vive na mesma rua,
ao amor ou amizade de quem vive no nosso coração.
Aquilo que demonstro ser, é sempre aquilo que sou.
Nunca minto nem menti.
Gosto que saibam o que contar da minha pessoa.

Por ser como sou, espero o mesmo dos outros.
Digo espero, mas gostava de dizer exijo.
Sei que não o posso fazer, porque infelizmente, sei de seres que vivem uma vida a fingir.
Enganam-se a eles próprios e por vezes nem se dão conta.
Dizem-se as pessoas mais honestas, mais transparentes e
depois quando as vemos, sentimo-las ali especadas e bem opacas,
de mentira e falsidade.
E isso doi, doi mesmo!
Perguntei a mim mesma por que doía e cheguei a uma conclusão.
Doi, porque quando agimos com verdade de sentimentos, lá no fundo ,
no fundo (e ninguém me diga o contrario), esperamos
ser reconhecidos.
Não que o façamos com essa intenção, mas no mínimo, gostamos de sentir gratidão.
Sempre fui justa e entristece-me sentimentos mesquinhos.
Então a mentira..., deixa-me de rastos.
Não me refiro a mentirinhas, daquelas que temos para evitar o sofrimento nos outros.
Não é dessas que falo, mas sim, de quando nos mentem e chegam a insultar a nossa inteligência.
Fico a pensar e não compreendo...
Será medo de serem confrontadas com a verdade?
Mas porquê, se a verdade não mete medo?
Não é nada mais, que a verdade.
Tão simples... e tão complicado para alguns.

Idalina Silva

domingo, 19 de junho de 2011

Há um Ser


Há um ser que me olha.
Que me vê caminhar.
Contempla-me e quase me examina.
Tem uma forma doce de olhar.
Mas triste.
Ele não faz parte deste mundo.
Não fere, não magoa, nem usa armas em riste.
Recordo as suas palavras autenticas,
sábias, ponderadas e sem más consequências.
Ergo o olhar, para tentar ler algo no seu rosto.
Deixou somente, algumas paginas do seu livro.
Papeis soltos, escritos em papiro.
Recolho-os e abraço-os.
Para não os dividir em pedaços.

Há um ser que me olha.
Mas desculpa, fiz de conta que não o vi.
Não para o negar, nem o magoar,
mas porque sou cega demais para o olhar.
Lembro um desenho pintado a aguarela.
Só isso me faz suportar alguma dor.
Deixa-me ficar aqui sentada à janela.
Deixa sentir o perfume dessa flor.
Quero partir também,
já que não te posso ver,
nem sentir o teu odor.

Idalina Silva

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mulher



Metade mulher e metade sonho.
Figura doce de olhar tristonho.
Transformas a dor em paixão
e o sofrimento em perdão.
És a flor perfumada que por vezes
se sente afundada e perde seu perfume.
Sem tormento e sem queixume.
Mas sempre à procura de liberdade,
porque ser livre para ti mulher,
é estender as mãos à procura de verdade.

Debaixo do teu véu branco,
deixas transparecer o teu olhar firme e tolerante.
Mulher, tu és amparo e gratidão constante.
Peço-te que pares, deixa de ser quem és.
Estás esgotada de amar.
Descalça os pés.
Caminha na areia e vai ver o mar.
Faz isso por ti, por mim e por nós.
Pára de pensar em tudo e em todos
e ouve a tua voz.


Idalina Silva

sábado, 11 de junho de 2011

Viver


Se vivesse no cimo de um telhado.
Se vivesse num ninho de cegonha.
Tivesse eu o coração quebrado.
Viveria em todo lado.

Olhar-te noutra perspectiva.
Ver-te de cima, de trás ou de frente.
Mesmo virado ao contrário.
Não me serias indiferente.

Ficaria a imaginar,
como seria viver no teu mundo.
Ver-te caminhar, trabalhar e amar.
Até conseguir entrar no teu fundo.

Viver por viver, sentir por sentir.
Sofrer por sofrer.
Mas acabar sempre por sorrir.
Viver sem ser amada, antes isso que morrer.

Idalina Silva

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sensações



Eu penso e sinto-me assim.
Eu sou uma mistura de sensações, dentro de mim.
Eu anoiteço, eu amanheço, eu arrefeço.
Eu estremeço e enlouqueço.
Sinto a chuva, sinto o sol.
Vejo-te longe, vejo-te próximo.
Sou dura, sou terna, sou mel.
Sou malvada, delicada, sou fel.

Que posso fazer por sentir assim?
Por vezes não sei se choro, não sei se rio.
Só sei que sinto o meu coração frio.
Sei que preciso do teu abraço apertado
e do teu beijo nos meus lábios, selado.
Apetece-me voar contigo num cavalo alado,
mas sei que agora és lembrança, és pó.
Sei que fazes parte de um distante passado.


Idalina Silva

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O beijo


Recordo o teu beijo.
Os teus lábios desenhados,
macios e molhados.
A tua boca colada e quente.
O teu sangue fervente.

Existem beijos que são palavras.
São segredos ditos nos lábios.
Um beijo nunca se esquece.
É como um abraço que aperta
e uma felicidade que liberta.

Quando Deus te levar,
não te esqueças de me chamar.
Não vou aguentar viver, sem ser beijada.
Não por precisar de um beijo qualquer.
Mas porque me fizeste sempre, sentir desejada.

Idalina Silva

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Carta abierta a mi hija:



Hoy caminás, fuerte y luminosa, por la vasta región de las mujeres. En esta tierra salvaje y poderosa, donde el instinto pesa tanto como la inteligencia y una caricia puede ganar una batalla, no olvides:
Una mujer mira siempre, con dignidad a los ojos del otro; pero también puede mirarse con dignidad al espejo.
Una mujer no miente, ni se miente a sí misma.
Una mujer cuida a su cuerpo como un templo; no lo convierte en un monumento al consumismo.
Una mujer es tierna; porque sabe que la ternura es la más poderosa de las armas.
Una mujer es frágil, porque no tiene miedo a quebrarse.
Yo debo dejarte andar ( aunque siempre me quede cerca). La vida te irá enseñando, día a día, lo que te falta aprender y que no puedo enseñarte,te dará tu propio bagaje de experiencias.
Y la vida, que es sabia, me enseñará a mi, día a día, a ser madre de una mujer. Se que este camino voy a transitarlo con la emoción, la magia y el orgullo que sembrás en mi vida desde hace 14 años.
Feliz cumpleaños, Mar. Te amo siempre.
Tu mamá.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sei



Sei que sou muito e sei que sou nada.
Dias um oceano, outros um riacho.
Noites, em que sou fera e outras um anjo.
Tardes, em que o meu peito enche e outras em que nem reajo.
Horas, em que tudo que fiz, foi perder.
Minutos, em que me bastou correr.
Anos sem ti,
foi morrer.

Idalina Silva

terça-feira, 24 de maio de 2011

Os meus dias



Será que os meus dias, vão ser noites?
Sem luz sem luminosidade.
Será que preciso abrir a boca,
gretar os lábios, subir o tom de voz,
rebentar as cordas vocais,
para que me oiçam e compreendam?
Será que não me exprimo como deveria?
Será que falo uma língua que não existe?
Todos os dias repito o mesmo, com palavras diferentes,
aquilo que sinto, aquilo que desejo e o que me faz sofrer.
Os meus dias são noites.
As minhas noites nunca serão dias, contigo junto a mim.
Preciso olhar o sol e sentir calor.
Tu, que dizes que me amas.


Idalina Silva

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Deixa-te amar


Deixa-te amar.

Deixa entrar o sol que te querem dar.

Deixa que te aqueçam o olhar.

Porquê resistir,

quando tu és tudo

para quem te quer beijar.

Faz de ti

aquele prado de perfume suave.

Pára de correr e deixa-te embalar.

Hoje vai amanhecer e vais aprender

que amar ...

pode ser também deixares-te acariciar.



Idalina Silva

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Recordo o Céu


Recordo o céu.
Recordo o mar.
Caminhos no ar, que me levam ao lar.
Recordo a tua pele suave, que adoro beijar.
Ruas estreitas, que me fazem sonhar.
Imagens de minha mãe, distantes,
sem que possa abraçar.
Recordo o teu olhar doce, morno e calmo.
Recordo-te, a ti,
que sempre me quiseste amar.
A cidade o campo e areia.
A casa de madeira e a saudade do mar.
Recordo a infância.
Brincadeiras de criança.
Recordo a tua voz e a tua blusa rendada,
com fios de seda bordada.
O alfinete ao peito.
Aquela lágrima caída, por emoções vividas.
Aquilo que me faz forte
e me transforma,
na mulher,
que respeito.

Idalina Silva

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Felicidade

Felicidade é ter alguém, que te faça parar e olhar,
para depois te amar.
Felicidade é sentir o coração bater.
Amar quem não te ama e não ter medo de perder.
Sentir que há muito mais a percorrer.
Saber que a felicidade não pára e o amor não acaba.


Idalina Silva

sábado, 23 de abril de 2011

Saudade

Saudade é angustia.
É tudo que sinto, depois de tudo ter perdido.
Saudade é recordação dos meus amores que já partiram
e das palavras doces de quem me amou.
Saudade é nostalgia.
Saudade é quando fico a olhar o mar e não o vejo.
Quando o corpo está presente e a mente se perdeu.
Saudade é dor constante que não dorme.
É saber recordar momentos belos sem chorar.
Ser forte, mesmo quando apetece descansar.
Saudade é dor, que nos faz morrer por dentro.
É tudo aquilo que não quero sentir.
Saudade rouba a liberdade de viver.
Deixa o coração atado e apertado.
Saudade é passado e é presente.
É sentir tristeza de quem partiu e não se despediu.
De quem, nem eu pude conhecer.
Dos livros que li e dos rostos que vi.
Das viagens que fiz e de outras que nem senti.
De tudo que me passou à frente
e de tudo que me passou ao lado
e de que me arrependi.
Saudade é palavra com sete letras
repletas de emoção,
que explodem sentimentos
e me dizem,
que tenho muito para viver
e muito ainda,
para sentir.


Idalina Silva

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Preciso de calma


Preciso de calma.
De musica serena e olhar o mar.
Desenhar a forma das nuvens.
Pintar o sol e recortar estrelas.
Preciso correr e abraçar o luar.
Acreditar e amar.

Preciso de calma.
De beijos doces e olhar o céu.
Subir montanhas.
Cansar-me e repousar.
Acariciar a relva e cheirar a terra.
Adormecer a sonhar.

Preciso de calma.
No passar dos tempos.
Sentir-me envelhecer.
Mas continuar viva.
Olhar a beleza do entardecer.
Sorrir e agradecer.

Idalina Silva

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ciume

Ciume em demasia é como febre tifóide.
Alastra e contagia.
Causa desconforto, mau estar e dor.
Até a morte do Amor.
Mas se ainda não está completamente morto,
usa a inteligência e cura-o.
Antes que te mate a ti,
pois o ciume,
já matou o teu amor.

Idalina Silva

domingo, 10 de abril de 2011

Desenhar

Hoje vou desenhar.
Vou fazer o teu esquisso.
Seguro no lápis, com a mesma suavidade com que te olho.
Deixo-o deslizar pela folha macia e sedosa.
Deixo-o livre.
Até ao lápis, o quero assim,
livre e solto.
Ele vai e vem.
Desenha linhas curvas, círculos e rectas.
Baila como se a folha de papel fosse uma pista de dança.
Como se dançasse o tango, de forma sensual e apaixonada.
Lápis, papel, tu e eu.
Olho em redor e não vejo mais nada.
Nada mais do que a tua imagem desenhada.
Um pouco de papel, marcado por linhas finas e leves, traçadas com incertezas,
tristezas e saudade.
Mas sempre com muito amor.
Desenhar, é amar o que se sente e não obrigatoriamente o que se vê.
Enquanto a imaginação sobreviver em mim,
eu vou desenhar.
Vou-te desenhar.
Vou-te ter,
sempre presente.

Idalina Silva

sábado, 9 de abril de 2011

Ventania

Esta ventania conseguiu levantar-me o véu. Fez-me despentear, elevou-me ao Céu.
Depois o vento empurrou-me e arrastou-me. Mas houve vezes, em que me parou e equilibrou.
Antes ventos, que ciclones e tempestades.
Não quero ser levada sem querer, nem quero fazer nada, só por fazer.

Tempestade é força sem razão.

Percorro estradas, de verdes árvores dobradas. Vergadas somente, sem nada saber e nada querer.
Sem palavra e sem vontade.

No caminho encontro esteios duros, firmes como seios. Que alimentam.
Sempre fortes, decididos.

São exemplo, para ramos frágeis, vazios, finos e quebradiços.
Que procuram terras húmidas, movediças e se afogam em fracas chuvas.

Formam-se rios e mares onde navegam restos de flores arrancadas.
Pétalas que já deixaram de ser perfumadas.

Navegam descontroladas, sem oriente, procurando paz.
Buscam momentos silenciosos, sem ventos e tempestades.
Sem sofrimento ou maldades.


Idalina Silva



quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tu És


Se pudesse dizer-te ao ouvido
o que és para mim,

dizia-te:

Tu és o meu sonho.
Tu és a minha canção de amor.
Tu és a minha alma.
Tu és o meu céu.

És tudo aquilo que quero.

Tu és beleza.
Tu és amigo.
És a minha respiração.
És a minha vida.
És o meu calor.

Se pudesse dizer-te nos olhos
o que és para mim,

dizia-te muito mais...

Muito mais do que te disse.

Dizia-te:

És o meu brilho.
És o meu quartzo.
És a minha pedra cintilante.

Idalina Silva

quinta-feira, 31 de março de 2011

Amigo

Amigo

O dia acaba
quando a noite começa.

A luz apaga-se.
Mas acende-se na escuridão.

Deixo de te ver.

As minhas mãos procuram-te.
Sentem espaços vazios.
Até que te encontram
e tocam.
Percorrem suavemente
o teu rosto,
deslizando na tua pele.

Elas são carícias.
Meiguice.

Sorrio,
porque sei que ainda existes.
Não ao meu lado ou na minha direcção.
Mas no mesmo caminho.

Sei que vives.
Sinto-te respirar.

O transparente
passou a translucido.

Vejo-te mal.
Mas sei que não é da poeira.
Ela não existe entre nós.

É do teu respirar.


Idalina Silva

sábado, 26 de março de 2011

Arte és tu



Arte é loucura.
Arte é beleza.
Arte és tu.

És a minha paleta de cores.
Horizontes vermelhos, manhãs quentes.
Lençóis brancos, noites rubras.
Saber amar é saber pintar.
Salpicar de tinta uma vida!
Vestir-te de muita cor.

Arte é poesia.
Arte é ficção
Arte és tu.

Só te vejo e sinto.
Quando estremeço por te ver.
Sei que existes em mim.
Quando te leio e te rasgo
Quando te risco e apago.

Arte és tu.

Idalina Silva


quinta-feira, 24 de março de 2011

Vida


Fascínio, podes chamar à vida.
Também lhe podes chamar paixão.
Encontros e desencontros, revolta, frustração,amargura e tristeza.
Mas paixão acima de tudo.
O que te dá força para continuar.
Aquilo que te deixa ao rubro por dentro e te incendeia o peito.
Calor, emoção.
Todas estas manifestações te levam ao cimo da montanha.
Todas elas te fazem grande.
Porque só é grande quem é capaz de sentir.
Capaz de gritar, zangar, chorar e rir.
A vida não passa ao lado.
A vida é onde caminhas e carregas sentimentos.
A carga por vezes é pesada.
Mas só depende de ti, diminuir esse peso.
Quando dás um sorriso de esperança aquele que pensava que a vida já tinha acabado.
Quando aqueces, o coração arrefecido de alguém.
Quando ofereces o teu olhar doce e preenches o vazio do sofredor.
É aí que ficas mais leve e a tua carga diminui.
É tão bom quando te sentes leve.
Sentires os pés na terra mas ao mesmo tempo voar.
Voar com os pés na terra, é mesmo isso!

Será que é possível?

Idalina Silva

domingo, 20 de março de 2011

Só e calma



Só e calma.

Prefiro estar num campo deserto
do que num barco afundado.

Campos verdes ou dourados,
são sempre belos.
Inspiram verdade, serenidade.

Naufrágios.
São agitação,
nervosismo, cansaço.

Mas não importa.

Não há santos nem heróis.
Tudo tem o seu tempo.
Tudo nasce e tudo morre.

O amor acaba.

As promessas ficam por cumprir,
porque nada é eterno.

Até o meu amor por ti.


Idalina Silva

sexta-feira, 18 de março de 2011

Longe de mim


Longe de mim, tão longe...

Estico os braços,
mas por mais que me esforce não consigo tocar-te.

Sei que és inatingível.

Olho-te, mas sei que não me vês.
Quanto mais te sinto, mais te quero.
Vou perder-te, sei que não te tenho mais.

Estás vestida de negro, não percebo porquê.
Porque quem está de luto sou eu.

O meu coração deixou de bater.
Morreu parte de mim.

Os meus pés correm.
Os meus braços lutam.
A minha voz é um grito.

Mas não tenho coração.
Deixei de sentir.

Arrastem-me.
Levem-me daqui.
Quero ir contigo.
Este lugar já não é meu.

Não quero ter saudade.
Não quero recordar.
Nem sequer chorar.
Só te quero comigo.

Fazes-me falta.
Porque me deixaste?
Tive-te tão pouco!

Arrancaram-te de mim.

Minha Mãe.


Idalina Silva

sexta-feira, 11 de março de 2011

Perdida


Estou perdida.

Não encontro o caminho de saída.
Não sei que fazer.

Sei que caminho, mas não sei para onde vou.

Está tudo tão escuro.
É tudo tão triste.

Os meus sapatos já não são o que eram,
estão cobertos de pó.
O meu rosto cobriu-se de lama,
à mistura das lágrimas.

Durante o dia todo,
as nuvens taparam o sol.

Agora pouco tempo resta para cair a noite.
Que vou fazer na escuridão?

Sinto um vazio tão grande!

Mas medo nunca tive, nem vou ter.
Nunca irei ter medo.

E força?

Sorrio...
essa não há-de resistir-me jamais!
Passei uma vida a medi-la.
Não é agora que vou fracassar.

Só preciso de um ombro,
porque estou cansada.
Um ombro para repousar.

Amanhã o dia vai nascer,
mais uma vez.

O céu vai estar azul.
O sol vai brilhar.

Vou lavar a poeira do rosto.

Vou ser outra,
outra vez.


Idalina Silva