quinta-feira, 31 de março de 2011

Amigo

Amigo

O dia acaba
quando a noite começa.

A luz apaga-se.
Mas acende-se na escuridão.

Deixo de te ver.

As minhas mãos procuram-te.
Sentem espaços vazios.
Até que te encontram
e tocam.
Percorrem suavemente
o teu rosto,
deslizando na tua pele.

Elas são carícias.
Meiguice.

Sorrio,
porque sei que ainda existes.
Não ao meu lado ou na minha direcção.
Mas no mesmo caminho.

Sei que vives.
Sinto-te respirar.

O transparente
passou a translucido.

Vejo-te mal.
Mas sei que não é da poeira.
Ela não existe entre nós.

É do teu respirar.


Idalina Silva

sábado, 26 de março de 2011

Arte és tu



Arte é loucura.
Arte é beleza.
Arte és tu.

És a minha paleta de cores.
Horizontes vermelhos, manhãs quentes.
Lençóis brancos, noites rubras.
Saber amar é saber pintar.
Salpicar de tinta uma vida!
Vestir-te de muita cor.

Arte é poesia.
Arte é ficção
Arte és tu.

Só te vejo e sinto.
Quando estremeço por te ver.
Sei que existes em mim.
Quando te leio e te rasgo
Quando te risco e apago.

Arte és tu.

Idalina Silva


quinta-feira, 24 de março de 2011

Vida


Fascínio, podes chamar à vida.
Também lhe podes chamar paixão.
Encontros e desencontros, revolta, frustração,amargura e tristeza.
Mas paixão acima de tudo.
O que te dá força para continuar.
Aquilo que te deixa ao rubro por dentro e te incendeia o peito.
Calor, emoção.
Todas estas manifestações te levam ao cimo da montanha.
Todas elas te fazem grande.
Porque só é grande quem é capaz de sentir.
Capaz de gritar, zangar, chorar e rir.
A vida não passa ao lado.
A vida é onde caminhas e carregas sentimentos.
A carga por vezes é pesada.
Mas só depende de ti, diminuir esse peso.
Quando dás um sorriso de esperança aquele que pensava que a vida já tinha acabado.
Quando aqueces, o coração arrefecido de alguém.
Quando ofereces o teu olhar doce e preenches o vazio do sofredor.
É aí que ficas mais leve e a tua carga diminui.
É tão bom quando te sentes leve.
Sentires os pés na terra mas ao mesmo tempo voar.
Voar com os pés na terra, é mesmo isso!

Será que é possível?

Idalina Silva

domingo, 20 de março de 2011

Só e calma



Só e calma.

Prefiro estar num campo deserto
do que num barco afundado.

Campos verdes ou dourados,
são sempre belos.
Inspiram verdade, serenidade.

Naufrágios.
São agitação,
nervosismo, cansaço.

Mas não importa.

Não há santos nem heróis.
Tudo tem o seu tempo.
Tudo nasce e tudo morre.

O amor acaba.

As promessas ficam por cumprir,
porque nada é eterno.

Até o meu amor por ti.


Idalina Silva

sexta-feira, 18 de março de 2011

Longe de mim


Longe de mim, tão longe...

Estico os braços,
mas por mais que me esforce não consigo tocar-te.

Sei que és inatingível.

Olho-te, mas sei que não me vês.
Quanto mais te sinto, mais te quero.
Vou perder-te, sei que não te tenho mais.

Estás vestida de negro, não percebo porquê.
Porque quem está de luto sou eu.

O meu coração deixou de bater.
Morreu parte de mim.

Os meus pés correm.
Os meus braços lutam.
A minha voz é um grito.

Mas não tenho coração.
Deixei de sentir.

Arrastem-me.
Levem-me daqui.
Quero ir contigo.
Este lugar já não é meu.

Não quero ter saudade.
Não quero recordar.
Nem sequer chorar.
Só te quero comigo.

Fazes-me falta.
Porque me deixaste?
Tive-te tão pouco!

Arrancaram-te de mim.

Minha Mãe.


Idalina Silva

sexta-feira, 11 de março de 2011

Perdida


Estou perdida.

Não encontro o caminho de saída.
Não sei que fazer.

Sei que caminho, mas não sei para onde vou.

Está tudo tão escuro.
É tudo tão triste.

Os meus sapatos já não são o que eram,
estão cobertos de pó.
O meu rosto cobriu-se de lama,
à mistura das lágrimas.

Durante o dia todo,
as nuvens taparam o sol.

Agora pouco tempo resta para cair a noite.
Que vou fazer na escuridão?

Sinto um vazio tão grande!

Mas medo nunca tive, nem vou ter.
Nunca irei ter medo.

E força?

Sorrio...
essa não há-de resistir-me jamais!
Passei uma vida a medi-la.
Não é agora que vou fracassar.

Só preciso de um ombro,
porque estou cansada.
Um ombro para repousar.

Amanhã o dia vai nascer,
mais uma vez.

O céu vai estar azul.
O sol vai brilhar.

Vou lavar a poeira do rosto.

Vou ser outra,
outra vez.


Idalina Silva

O Amor existe


Claro que o amor existe...

Existe na dor
da morte de um amigo
num campo de batalha.

No olhar brilhante e luminoso
daquela que te viu nascer.

No filho, que te acaricia docemente
cada ruga dos teus olhos.

No pedaço de pão, que ofereces
a quem, já nem forças tem para caminhar.

Na felicidade de quem amas, mesmo que essa felicidade
esteja longe de ti.

Claro que o amor existe...

Idalina Silva

segunda-feira, 7 de março de 2011

Mulher triste

Mulher triste, mas mulher!
quer pintar,
mas não o faz,
porque lhe falta cor.

Resta-lhe preto e branco.

Mulher triste.
Vestida de cor cinza triste.

Sentada, recorda o passado.
Tem a cabeça caída.
Para não mostrar seu rosto molhado.

Cada lágrima representa
momento de dor.

Deixa-se embalar na musica que adora.
Sentimento é emoção.

E paixão são seus filhos.

Resta uma mulher triste,
Que bem sabe, o que é amor


Idalina Silva

sábado, 5 de março de 2011

Simplesmente amor




Passaste tempos de escuridão
Mas agora não tenhas medo.
Descansa.

Encontrei-te caído na lama.
De olhar vazio.
Numa noite fria.
Sem que ninguém te abraçasse
Sem ninguém que te amasse.
Foram muitas lutas.
Muita fome e muita dor.
Mas sem raiva e sem rancor.

Muitas mulheres partiram e não voltaram.
Amores viajaram sem retorno.
Sobraram tristes crianças indefesas.
Mas tu vives por elas.
A tua batalha continua,
Mas sem dor e sem sombras.
A tua luta é simplesmente amor.

Dorme agora em paz
Acalma-me ver-te dormir


Idalina Silva

sexta-feira, 4 de março de 2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Viagem final


Continuas à minha espera?

Espera um pouco mais.
Sei que não irei demorar.
Sei que tudo não passa de nada.

Mas não posso deixar-te assim.
Dá-me mais um tempo.
Um pouco mais de tempo.
Quero dar-me ainda,
a quem precisa de mim.
Mas prometo não desistir.
Voltarei para ti.
Tu és a minha viagem.
A minha viagem final.


Idalina Silva

Quero voltar

Ando de pernas para o ar.

Pulo e salto,
para chegar ao cimo e te ver
Os loucos dos meus dias não passam.
Mas sei que estás aí.

Sei que estarás sentado num banco de pedra.
Ansioso por me abraçar.
E quando eu chegar,
irão aparecer raios de sol.
Tudo ficará iluminado.
Haverá festa.
Irei brilhar.

Basta de chuvas e tempestades.
Cansei de injustiças e maldades.
Quero voltar.
Regressar ao ponto de partida.
Saltar e pular para te beijar.

Porque tu és grande
És grande para mim...


Idalina Silva