terça-feira, 27 de março de 2012

Um dia vou por aí


Um dia vou por aí.

Deixo-me ir.
Ao sabor do vento.
Largo a cidade, a confusão, o movimento.

Estou cansada.
Da cor cinza do cimento.
Das mesmas ruas.
Dos mesmos rostos.
Das mesmas vozes.
Dos mesmos risos.

Um dia vou por aí.

Beijar uma flor.
Abraçar uma árvore.
Montar um cavalo selvagem.
Atravessar o Oceano.

Um dia vou por aí.

Dormir à luz das estrelas.
Banhar-me nas águas dos rios.
Comer frutos caídos, do chão.
Aquecer-me ao Sol.

Um dia vou por aí.

Sem querer saber para onde.
Sem sequer saber o que fazer.
Mas vou por aí...

Idalina Silva

terça-feira, 6 de março de 2012

Porquê?

Esta semana, assisti na televisão a uma reportagem sobre portugueses
que emigram em busca de melhores condições de vida.
Fiquei comovida.
Por minutos, não consegui conter as lágrimas.
Tive que passar as mãos nos rosto, para que ninguém se apercebesse da minha tristeza.
Momentos destes fazem-me sofrer por dentro.

Vi pessoas que até podem nada saber, sobre muitas coisas,
Mas nunca esquecerão o que é lutar pelo seu mundo melhor.
São capazes de percorrer quilómetros, de estômago e bolsos vazios.
Sempre cheios de esperança.

Porque não temos todos nós, a mesma chance de ser feliz?
Porque passam uns tanta fome, tanto frio e tanto medo?
Porque são uns reprimidos, atacados e abusados?
Será que amar é tão difícil?
Ser compreensivo e tolerante será que dói?

Porque existe tanta insensibilidade?
Porque não se resolve os problemas conversando?
Porque se fica calado, mesmo sabendo que há tanta coisa para dizer?
Porquê tanta cobardia?

Idalina Silva

segunda-feira, 5 de março de 2012

É tarde

É tarde que chegue, mas estou sem sono.
Fico por aqui a pensar e a escrever.
Neste espaço escuro, onde um débil foco me ilumina o teclado.
Como se vivesse um personagem num palco.
Mas sem aplausos.
Aqui não vejo e não oiço... sinto somente.

A minha voz é secreta
E a saudade tem lugar no meu peito.

Idalina Silva