sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Só sofre quem padece

A vida que levamos, dá-nos a sensação de vazio. Aquela dor interna que nos faz humedecer os olhos. Nem só a falta de amor, carinho e incompreensão nos deixa assim. 
A dificuldade que atravessamos na compra de bens essenciais também nos pode matar. Dá-nos instabilidade, gera frustração, ansiedade, insegurança, medo. Faz-nos pequeninos, não em tamanho mas em dignidade.
Que responder a um filho que nos pede um bolo quentinho e docinho ao olhar a montra duma confeitaria, quando chegamos à conclusão que esse mesmo bolo reduz a hipótese de comprar um pacote de arroz e que esse pacote de arroz dá para varias refeições ao contrario dum simples bolo?
Esta ginástica mental é feita diariamente.
Temos que saber gerir a nossa pobre vida os nossos parcos haveres, mediante o perigo de não sobrevivermos.
Mas nós nascemos para viver ou para sobreviver?
Nascemos para ser felizes ou para sofrer?
Há crianças que só almoçam nas escolas e sabem que à noite nas suas casas não haverá mais nada para confortar o seu estômago..
Presenciei diversas vezes adolescentes nesses estabelecimentos de ensino que quase desmaiavam pela manhã .
E qual era o diagnostico? FOME!!!
Que poderá um ser comum, como eu e muitos de nós fazer para combater monstruosidades e injustiças destas?
Dar uma esmola? um prato de sopa quente, um agasalho em dias de frio?
Praticar uma " boa acção" dessas, até poderá resolver por minutos ou horas e depois?
Os outros dias? as semanas seguintes?
Vamos unir forças e vontades.
Sozinhos nada conseguiremos ou muito pouco.
Precisamos fazer mais e melhor.
Deixemos os nossos umbigos sossegados.
Há quem diga que não consegue olhar para a miséria porque lhes faz impressão.
Dizem-se incapazes, por serem demasiado sensíveis.
Preferem desconhecer as situações penosas em que vivem seres humanos.
Porque dizem eles, quem não vê não sofre.
Pois não!
Só sofre quem padece!


Idalina Silva

domingo, 31 de agosto de 2014

Por Ti

Aquele pássaro pousado na cerca.
O homem curvo e derreado dos anos.
Aquele fruto caído no chão.
O mar em fúria.

O meu coração pesado de sentir.
A liberdade do meu pensamento.
O teu olhar doce e triste.
Os laços que nos unem.

Aquela mistura de odores.
As cores quentes em final de tarde.
Aquela mulher que já partiu.
E o vazio no meu coração.

O teu amor por mim.
O meu amor por ti.


Idalina Silva

domingo, 10 de agosto de 2014

Para quê?

Falar para quê?
Falar para quem?
Se à minha volta existe gente surda.
Cega, indiferente e muda.

Gente que não sabe se sofre.
Se é grande, se é pobre.
Gente que nem sabe se é.

Falar para quem?
Falar para quê?
Se só vejo olhos vendados.
Bocas cerradas, mentes fechadas.

Mas eu quero falar, quero sonhar, quero cantar, 
Quero ouvir, quero sentir.

Quero sentir essa gente.
Essa gente.
Presente.

Idalina Silva

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Criação

Criação, invenção, obra.... palavras fortes, palavras mágicas.
Mas as palavras por si só nao bastam.
São os sentimentos, as emoções, o querer , o desejar.
O ter vontade, o ter força.
Sabendo que sou muito mais do que um pedaço de matéria, que no mínimo respira, sei que sou gente, sei que sinto, sei que desejo.
.
Desejo a Arte.
Ela é parte de mim e eu, parte dela.
Ela  provoca-me, eu deixo-me provocar.

Ela fascina-me.
Não quero perdê-la.
Preciso continuar a seduzi-la.



Assim nasce uma vontade de mudar, experimentar,
para além, muito além, dos suportes a que me habituei.

É assim, que no meu "mundo", surge o mundo da Moda.

Poder transportar aguadas, pínceladas, manchas de cor, para outros contextos,
outros espaços, outros olhares.


Idalina Silva

sábado, 26 de abril de 2014

Deixem-me ser

Deixem-me ser 
Deixem-me fazer

Quero ver o amanhecer

Não me tirem os olhos
Não me tirem a boca 

Quero renascer

Deixem-me saltar
Deixem-me correr

Quero sentir o coração bater

Quero sentir o amor no ar

Quero ver crianças a brincar

E os homens a beijar.


Idalina Silva

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Se um dia.

Se um dia deixares de me sentir.
Se um dia te esqueceres do meu olhar.
E já nao reconheceres a minha voz. 
Se um dia os meus lábios, nada forem para ti.
E a nossa pele, não mais se tocar.

Então, não saberei o que dizer.
Não farei mais a arte nascer.
Não conseguirei pronunciar a palavra amar.
Apreciar a beleza do amanhecer.
Não ouvirei mais as ondas bater.


Idalina Silva