domingo, 19 de junho de 2011

Há um Ser


Há um ser que me olha.
Que me vê caminhar.
Contempla-me e quase me examina.
Tem uma forma doce de olhar.
Mas triste.
Ele não faz parte deste mundo.
Não fere, não magoa, nem usa armas em riste.
Recordo as suas palavras autenticas,
sábias, ponderadas e sem más consequências.
Ergo o olhar, para tentar ler algo no seu rosto.
Deixou somente, algumas paginas do seu livro.
Papeis soltos, escritos em papiro.
Recolho-os e abraço-os.
Para não os dividir em pedaços.

Há um ser que me olha.
Mas desculpa, fiz de conta que não o vi.
Não para o negar, nem o magoar,
mas porque sou cega demais para o olhar.
Lembro um desenho pintado a aguarela.
Só isso me faz suportar alguma dor.
Deixa-me ficar aqui sentada à janela.
Deixa sentir o perfume dessa flor.
Quero partir também,
já que não te posso ver,
nem sentir o teu odor.

Idalina Silva

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